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domingo, 12 de junho de 2011


Atriz Adriene Maycol em trabalho como modelo para a revista GLASS...

terça-feira, 7 de junho de 2011

...

Agora temos e-mail, pessoal, quer entrar em contato?

trilhasonora_confraria@yahoo.com.br

Convites para apresentações, críticas, dúvidas, sugestões...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Memórias de uma preparadora vocal...

Memória 1

De frente um pro outro, de mãos dadas, chorávamos os dois. Lágrimas de saudade. Lágrimas de felicidade pelo reencontro, pelas palavras sinceras que eram pronunciadas.
Palavras sinceras...
Sinceras como o sorvete de maracujá, que logo depois escorreria pelos buracos da lixeira na esquina.
As sombras da árvore sobre sua pele clara, rosada, não escondiam nada. Só demarcavam o local da cena, onde tudo era explicitado: a sincera declaração hipócrita que, minutos antes, havia sido enunciada.
Agora novas lágrimas se derramariam, silenciosas em mim fazendo doer a garganta, e nele eram gotas de saliva... só não se sabe de quem.

Memória 2

Maracujá! Odeio maracujá! Será que hoje tem mousse? Preciso de um sorvete. Queria o meu predileto: sorvete de maracujá. Será que dessa vez ele escorrerá pelos buracos da lixeira?

Memória 3

Mais uma mancha de sangue no colchão.
Sinusite.
Médico.
Mancha de sangue no colchão.
Rinite.
Médico.
Rinossinusite.
Médico.
Você não tem sinusite.
Sangue.
Médico.
Frio.
Sinusite.
Médico.
Sem sangue.
Sinusite não tem cura.
A mancha continua no colchão.
Você já teve sinusite?!
Então curou.
Sinusite não tem cura?
Sua rinite está atacada.
Cuidado com as mudanças de clima.
Médico.
Frio.
Sangue.
Colchão.
Mais uma mancha.

domingo, 8 de maio de 2011

TRILHA SONORA no Festival Latino Americano de Teatro 'Ruínas Circulares'


Tivemos uma participação importante no II Seminário Nacional de Pesquisa em Teatro, que foi parte da programação do FESTIVAL LATINO AMERICANO DE TEATRO "RUÍNAS CIRCULARES" - 3ª Edição. Ocorrido em Uberlândia-MG na primeira semana de maio.

Com a comunicação da nossa diretora Leka Massensini defendemos o trabalho TRILHA SONORA: Uma encenação performativa, que foi mostrado com uma demonstração cênica na Mesa 4: O ator - poéticas vocais e a cena contemporânea, coordenada pela profª Dirce Helena Carvalho.

Este vídeo criado por mim na véspera foi apresentado durante os 20 minutos que tivemos para apresentar um pouco do nosso trabalho, seguido de apresentação de duas cenas do espetáculo pela nossa atriz Adriene Maycol.

Um abraço, e até logo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O GROTESCO!!!


(foto by Leka Massensini...)

A idéia de grotesco é fundamental para a visão bakhtiniana do carnaval, e é o próprio autor que estabelece uma das mais respeitadas epistemologias do grotesco. O termo grotesco surgiu no final do século XV, quando escavações feitas nas Termas de Tito, em Roma, revelaram um tipo de pintura desconhecida na época: figuras humanas que se fundiam com formas vegetais e animais, criando seres híbridos, onde inexistiam as fronteiras entre os reinos naturais, e um forte inacabamento era condição de existência. Tais pinturas foram chamadas de grottesca (do italiano grotta: gruta). Então, o grotesco, ou melhor, o que Bakhtin chama de “realismo grotesco” (o sistema de imagens da cultura cômica popular) é marcado pela extinção das fronteiras, pela aproximação radical do que é tido como distante, através do rebaixamento: “isto é, a transferência ao plano material e corporal, o da terra e do corpo na sua indissolúvel unidade, de tudo que é elevado, espiritual, ideal e abstrato” (BAKHTIN, 1993, p. 17). O “alto” e o “baixo” possuem sentido topográfico: no alto está o céu, o espírito, a cabeça, o raciocínio; no baixo está a terra, o corpo, os órgãos genitais, o ventre e o traseiro, os instintos. No grotesco, o alto e o baixo são nivelados, ocupam o mesmo plano e perdem suas conotações positivas ou negativas (em última instância, tudo é investido de positividade, de potência, de vida), sendo constantemente invertidos e chacoalhados no frenesi carnavalesco. O exagero, o hiperbolismo, a profusão e o excesso são marcas estilísticas do grotesco.

O corpo carnavalesco é um corpo grotesco. Para Bakhtin, o corpo grotesco é um corpo essencialmente em movimento, aberto ao devir, suscetível, em constante metamorfose, e, por isso mesmo, sempre inacabado, incompleto, imperfeito. É um corpo em construção, em estado de criação, que absorve o mundo e é absorvido por ele (1993, p. 277), criado e criador, devorado e devorador. Um corpo ambivalente, duplo, “bicorporal”: carrega e manifesta em si potências de vida e potências de morte simultaneamente e com a mesma força. O corpo grotesco/carnavalesco ignora os próprios “limites” fisiológicos e se ultrapassa, é um corpo entre – não existem fronteiras entre dois ou mais corpos e entre o corpo e o mundo –, um corpo conectado, dissolvido, que não se restringe à sua individualidade e torna-se um corpo coletivo, cósmico, universal. O cânone moderno do corpo individual, único, como um ente isolado, fechado, acabado e delimitado, dotado de fronteiras semi-transponíveis começa a predominar, segundo Bakhtin (1993, p. 279-281), apenas a partir do século XVII.

Surge daí o interesse e a importância de partes e lugares do corpo por onde ele se ultrapassa, aberturas por onde se conecta (em via de mão-dupla) com os outros corpos e com o mundo: os órgãos genitais (com destaque para o falo), o nariz, o ventre, a boca, o ânus – regiões e orifícios que permitem o livre fluxo de vida e de morte. As excrescências também são valorizadas, pois são extensões do corpo, transmutações do corpo em elementos da natureza: fezes, urina, saliva, esperma, sangue, e demais humores contribuem para a diluição (e fecundação) do corpo no (e pelo) ambiente. Situações com forte acento escatológico como partos, coitos de toda espécie, comilanças, bebedeiras, mutilações, esquartejamentos e assassinatos são freqüentes, e explicitam a natureza ambivalente do corpo grotesco. É importante frisar que o corpo grotesco é um corpo coletivo, extenso e extensível, sempre renovado e, por isso mesmo, imortal e indestrutível.



Referência:
BAKHTIN, Mikhail. "A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais". São Paulo: HUCITEC; Brasília: Editora da UnB, 1993.

Grotesco...



Significado de Grotesco

adj. Que suscita o riso por sua extravagância: personagem grotesca.
Ridículo, excêntrico, cômico: figura grotesca.
Gênero grotesco, oposto ao sublime.
S.m. Indivíduo ridículo, caricato.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O CORVO




(de Edgar Allan Poe/ trad. Fernando Pessoa)

"Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

Libertar-se-á... nunca mais!"

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Pássaro Cativo

Armas, num galho de árvore, o alçapão;
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.

Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada;
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo:
Porque é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar?

É que, crença, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:

“Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi ...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas ...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade ...
Quero voar! voar! ... “

Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição:
E a tua mão tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...

Olavo Bilac

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Demonstração cênica...

Olá, pessoal, dia 06/05, no bloco 3M da Universidade Federal de Uberlândia, haverá demonstração cênica das quatro primeiras cenas de TRILHA SONORA, mesa 08, sala 1, na parte da tarde...

"Na demonstração cênica apresentarei cenas de “Trilha Sonora”, processo sob minha direção há mais de um ano e com estréia prevista para junho de 2011. Em cena, uma apresentadora de TV conta a vida da adolescente Sônia durante um programa de vídeo clipes. Inspirada em “Valsa Nº 6” de Nelson Rodrigues, tem dramaturgia construída a partir de histórias vividas pelos envolvidos no processo. Memórias do grupo e personagens interpretados pela atriz se fundem num espetáculo intimista na relação ator-platéia, com quebra de algumas convenções teatrais e interação com outras formas de arte. Durante a demonstração falarei do processo que o grupo vivencia até então, apresentando uma reflexão sobre práticas da cena contemporânea cujo objetivo é ESTABELECER UM ACONTECIMENTO ÚNICO que toque o público de forma pessoal."
"Como será que isso era esse som que hoje sim gera sóis dói em dós. Aquele que considera a saudade uma mera contraluz que vem do que deixou para trás não esse só se desfaz o signo e a rosa também." Trecho da música GENIPAPO ABSOLUTO de Caetano Veloso...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Esquizofrenia


"A esquizofrenia pode desenvolver-se gradualmente, tão lentamente que nem o paciente nem as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quando comportamentos abertamente desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.
Por outro lado há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no mundo esquizofrênico, o que geralmente alarma e assusta muito os parentes.
(...)
Geralmente a esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas aparecem gradualmente ao longo de meses e a família e os amigos que mantêm contato freqüente podem não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por meses perceba melhor a esquizofrenia desenvolvendo-se. Geralmente os primeiros sintomas são a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos estudos; estados de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria pessoa e insônia e desinteresse pelas atividades sociais com conseqüente isolamento. (...) Nos dias de hoje os pais pensarão que se trata de drogas, os amigos podem achar que são dúvidas quanto à sexualidade, outros julgarão ser dúvidas existenciais próprias da idade. (...) Aqueles que não sabem o que está acontecendo, começam a cobrar e até hostilizar o paciente que por sua vez não entende o que está se passando, sofrendo pela doença incipiente e pelas injustiças impostas pela família. É comum nessas fases o desleixo com a aparência ou mudanças no visual em relação ao modo de ser, como a realização de tatuagens, piercing, cortes de cabelo, indumentárias estranhas e descuido com a higiene pessoal. Desde o surgimento dos hippies e dos punks essas formas estranhas de se apresentar, deixaram de ser tão estranhas, passando mesmo a se confundirem com elas. O que contribui ainda mais para o falso julgamento de que o filho é apenas um "rebelde" ou um "desviante social".
Muitas vezes não há uma fronteira clara entre a fase inicial com comportamento anormal e a esquizofrenia propriamente dita. A família pode considerar o comportamento como tendo passado dos limites, mas os mecanismos de defesa dos pais os impede muitas vezes de verem que o que está acontecendo; não é culpa ou escolha do filho, é uma doença mental, fato muito mais grave.
A fase inicial pode durar meses enquanto a família espera por uma recuperação do comportamento. Enquanto o tempo passa os sintomas se aprofundam, o paciente apresenta uma conversa estranha, irreal, passa a ter experiências diferentes e não usuais o que leva as pessoas próximas a julgarem ainda mais que o paciente está fazendo uso de drogas ilícitas.
Quando um fato grave acontece não há mais meios de se negar que algo muito errado está acontecendo, seja por uma atitude fisicamente agressiva, seja por tentativa de suicídio, seja por manifestar seus sintomas claramente ao afirmar que é Jesus Cristo ou que está recebendo mensagens do além e falando com os mortos. Nesse ponto a psicose está clara, o diagnóstico de psicose é inevitável. Nessa fase os pais deixam de sentir raiva do filho e passam a se culpar, achando que se tivessem agido antes nada disso estaria acontecendo, o que não é verdade. Infelizmente o tratamento precoce não previne a esquizofrenia, que é uma doença inexorável. As medicações controlam parcialmente os sintomas: não normalizam o paciente. Quando isso acontece é por remissão espontânea da doença e por nenhum outro motivo.
(...)
A esquizofrenia é uma doença incapacitante e crônica, que ceifa a juventude e impede o desenvolvimento natural. Geralmente se inicia no fim da adolescência ou no começo da idade adulta de forma lenta e gradual. O período de conflitos naturais da adolescência e a lentidão de seu início confundem as pessoas que estão próximas. Os sintomas podem ser confundidos com "crises existenciais", "revoltas contra o sistema", "alienação egoísta", uso de drogas, etc.


Sintomas:

Alucinações - as mais comuns nos esquizofrênicos são as auditivas. O paciente geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham, xingam, ordenam atos que os pacientes reprovam, ameaçam, conversam entre si falando mal do próprio paciente. Pode ser sempre a mesma voz, podem ser de várias pessoas podem ser vozes de pessoas conhecidas ou desconhecidas, podem ser murmúrios e incompreensíveis, ou claras e compreensíveis. Da mesma maneira que qualquer pessoa se aborrece em ouvir tais coisas, os pacientes também se afligem com o conteúdo do que ouvem, ainda mais por não conseguirem fugir das vozes. Alucinações visuais são raras na esquizofrenia, sempre que surgem devem pôr em dúvida o diagnóstico, favorecendo perturbações orgânicas do cérebro.

Delírios - Os delírios de longe mais comuns na esquizofrenia são os persecutórios. São as idéias falsas que os pacientes têm de que estão sendo perseguidos, que querem matá-lo ou fazer-lhe algum mal. Os delírios podem também ser bizarros como achar que está sendo controlado por extraterrestres que enviam ondas de rádio para o seu cérebro. O delírio de identidade (achar que é outra pessoa) é a marca típica do doente mental que se considera Napoleão. No Brasil o mais comum é considerar-se Deus ou Jesus Cristo.

Perturbações do Pensamento - Estes sintomas são difíceis para o leigo identificar: mesmos os médicos não psiquiatras não conseguem percebê-los, não porque sejam discretos, mas porque a confusão é tamanha que nem se consegue denominar o que se vê. Há vários tipos de perturbações do pensamento, o diagnóstico tem que ser preciso porque a conduta é distinta entre o esquizofrênico que apresenta esse sintoma e um paciente com confusão mental, que pode ser uma emergência neurológica.

Alteração da sensação do eu - Assim como os delírios, esses sintomas são diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar, exceto em estados mentais patológicos. Os pacientes com essas alterações dizem que não são elas mesmas, que uma outra entidade apoderou-se de seu corpo e que já não é ela mesma, ou simplesmente que não existe, que seu corpo não existe.

Falta de motivação e apatia - Esse estado é muito comum, praticamente uma unanimidade nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos cessaram. O paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado ou vendo TV o tempo todo, freqüentemente a única coisa que faz é fumar, comer e dormir. Descuida-se da higiene e aparência pessoal. Os pacientes apáticos não se interessam por nada, nem pelo que costumavam gostar.

Embotamento afetivo - As emoções não são sentidas como antes. Normalmente uma pessoa se alegra ou se entristece com coisas boas ou ruins respectivamente. Esses pacientes são incapazes de sentir como antes. Podem até perceber isso racionalmente e relatar aos outros, mas de forma alguma podem mudar essa situação. A indiferença dos pacientes pode gerar raiva pela apatia conseqüente, mas os pacientes não têm culpa disso e muitas vezes são incompreendidos.

Isolamento social - O isolamento é praticamente uma conseqüência dos sintomas acima. Uma pessoa que não consegue sentir nem se interessar por nada, cujos pensamentos estão prejudicados e não consegue diferenciar bem o mundo real do irreal não consegue viver normalmente na sociedade."

Fonte:
http://www.psicosite.com.br/tra/psi/esquizofrenia.htm, acesso em 19/04/2011, às 17h:05min.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Esquizofrenia...



Não sei quem sou, onde estou, o que sinto, o que vejo... só sei que tenho medo!

Diferença entre esquizofrenia e trastorno bipolar

A esquizofrenia está relacionada com percepção e juízo distorcidos da realidade e o transtorno bipolar, ao humor da pessoa.

terça-feira, 29 de março de 2011

Sensações pós laboratório...



Palavras registradas por Sônia ou Adriene Maycol???

"ESCURO, ACESO, SUPERFÍCIE, SAFADA, MEDO, PRESENÇA, SILÊNCIO, DOR, SURPRESA, DANÇA, VOZ, VONTADE, ESPERA, RANCOR, ASPEREZA, TOQUE, PERFUME, MÃOS, FORRÓ, CADEIRA, INOCÊNCIA, INCERTO, AR,PUREZA, ESCAPAR DE ALGO, FUGIR, GOSTAR, DELICADEZA, PANO, AÇÃO, MOMENTO, MUDAR, CHÃO, ENCONTRO, PRAZER, CERVEJA, PERNAS, BRAÇOS, CORPO, BORBOLETA, ROSA, CINZA."

Confissão

Padre, tenho que me confessar...ontem ele me chamou e eu fui porque queria saber o que iria acontecer, chegando lá me pediu para sentar e esperar um pouquinho. O som começou a tocar, resolvi dançar, ele foi chegando, chegando, até que pegou em minha mão e me rodou. Depois me deu uma latinha de cerveja...hum, é amarga, mas é gostosa...o perfume dele é bom...ele começou a passar a mão em meu corpo, fazer carícia, sabe!? Até que ele foi acariciando, acariciando e eu acabei gostando. Só precisava me confessar padre... "você" disse que é pecado não vir à igreja. Obrigada por me ouvir.

quinta-feira, 10 de março de 2011

...pingos de chuva, que agonia, bichos me mordam, vozes e risos, alegria que contagia, que vontade de dançar... é trompete. Grunhidos, que estranho, carro saindo é a pressa chegando, estouro, pressão... Silêncio, que conforto... até o grito aparecer e mostrar atitude.
Canção que os males espanta quando vem da alma, baqueta, estalinhos de graça, silêncio são pingos de chuva apenas que sonorizam por alguns instantes nobres. Violino e pingos de chuva compondo uma só canção, corrente, som de sino, pingos de chuva, comichões, quanto borbulhar de sentimentos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Exercício de Escuta: 03/03/2011

Poema: Canto da Sala
Por Eduardo Humbertto

Sentado na posição pensante,
os ruídos se sobressaem a tudo,
a flauta quer fazer música,
as vozes desperdiçar palavras,
e a chuva fazer brotar esperanças.

A gota solitária e firme
goteja sem preocupação,
ao passo que a chuva aumenta
sua firmeza se impõe.

Eu não sou nada
quando tudo está movendo,
sou espectador insignificante
que se encanta e tenta fazer parte.
Os ruídos são ouvidos com a alma,
e a percepção se chama arte.

03/03/2011
Às 20:12h
Uberlândia-MG

Poema escrito a partir de um exercício de escuta proposto pela Leka.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Escuta

Chchchchuva caindo ali fora numa melodia ssssssssssssssuave e harmônica me faz idealizar ser abraçada, sentir algo quente... mas aqui dentro, essa goteira que pinga-pára, pinga-pára, pinga-pára, pinga-pára me traz de volta à realidade.
Enãopossoperdertempoporquemeufilhoestáemcasasozinhoeprecisademim!!!
Mas sei bem onde estou por causa das pessoas felizes lá fora que agora sssssssssssssssssilenciaram, não totalmente, mas que agora fazem menos barulho. Elas me mostram que tenho me-me-medo de pessoas amigas alegres e saltitantes dentro de uma universidade. Sei que por trás dessa colorida hihihisaiada embalada pela música que toca ao longe, há falsidade, inveja, hipocrisia. O instrumento cessa, não o escuto mais, calou-se... PAUSA!?!?




Ah...



Silêncio total de gente... só a chuva agora... estou só se fecho os olhos... mesmo não estando só!



Um violino recomeça... seria a VALSA Nº 6? Não importa. Só escuto agora a chuva que aumenta. “Chchchchove tanto lá fora, e quando chove em cima das igrejas, os anjos esssssssssssssscorrem pelas paredes.”

sexta-feira, 4 de março de 2011

...

As pessoas conversando lá fora - vozes conhecidas, que sei bem de quem são - me atrapalham a ouvir o silêncio, o meu silêncio provocado pelo som da chuva.
É como se funcionassem, essas vozes, como objetos atravessando e fragmentando


O som que o telefone faz, ao vibrar, irritou-me por um segundo: durante o instante entre a concentração - tentativa de! - na chuva e o susto com seu movimento, o do telefone, na minha perna. (E eu nem consegui terminar a frase anterior). A memória do som daquela voz que me conforta, que me excita, veio ao olhar o visor do aparelho na intenção de rogar pragas ao/à infeliz que ousou interromper minha paquera com a água que cai do céu e canta pra mim. Resgatar o som harmonioso dessa voz no meu imaginário me fez esquecer a raiva momentânea causada pela interrupção do meu flerte.
Até me distanciei das vozes lá fora, aquelas que me surdeavam enquanto eu tentava deixar a chuva abraçar meus ouvidos.
Essas vozes agora já não soam tão forte e tão perto e a chuva parece cantar com um pouco mais de intensidade, não me acalmando, mas me trazendo uma sensação de... de aconchego. Apesar da umidade e do frescor um pouquinho arrepiante.
É como se eu estivesse dançando essa música, como se eu fosse capaz de me embalar pela chuva, mas sem sair do lugar. Não é meu corpo que levita nesse momento, mas ele compartilha dessa sensação.
O som do meu nariz puxando o ar pra dentro não me irrita, mas já deu pra mim. Ouvi ele o dia todo. Já me acompanhou o suficiente.
O som da caneta batendo no caderno a cada vez que o toco com ela e da minha mão se arrastando pela folha a cada palavra escrita também interrompem, fragmentam, militarizam a fluidez e o deslize que me causa ouvir a chuva lá fora.
Tem uma voz que me irrita. Mas será que irritaria se eu não associasse seu som com a pessoa que o produz?
O som das vozes dos meus parceiros indica-me que tenho que ir.


Texto redigido em 03/03/2011, a partir de um exercício de escuta proposto pela Leka.